Para quem estuda ou para quem trabalha na área da Psicomotricidade em Portugal sabe bem que há uma certa dificuldade em fazer passar a mensagem sobre «o que é» e «a quem se dirige». Essa dificuldade é tão grande que arrisco-me a dizer que a maioria da população portuguesa desconhece a profissão. Os nossos governantes criaram a oferta formativa, mas esqueceram-se do resto. Esqueceram-se que era preciso criar oferta laboral. E eu pasmo ao reler os meus diapositivos das primeiras aulas do curso e ver 1001 possibilidades de locais de trabalho e depois, quando o curso termina e a eles nos dirigimos, ouvimos frases como: 'Mas isso é o quê?'. Procuramos resumi-la perante aquela pessoa que está com um ar apressado a receber-nos, e que se nota pela atenção (ou falta dela), que em breve nos vai cortar a palavra e dizer: 'Pois... é parecido à Fisioterapia não é?' E então respiramos. Tentamos calmamente aplicar algumas das técnicas de relaxamento que nos foram transmitidas e dizemos 'Não é a mesma coisa (...)' e quando tentamos completar, os 5 minutos daquela pessoa acabaram e em jeito de despedida ouve-se 'Se depois houver alguma vaga de "psicomotricionista" nós ligamos'.
Mas felizmente essa tendência está a mudar. Temos uma Associação Portuguesa de Psicomotricidade que tudo tem feito para divulgar a nossa profissão junto dos empregadores. Temos cada vez mais licenciados na área e temos o esforço de todos nós.
A tendência tem mudado, no entanto, a precariedade não. E confesso, que desde que terminei o curso (2010) fui sempre tendo trabalho, mas chegamos a uma altura que aquilo que encontramos nem sempre é o suficiente para sermos completamente independentes financeiramente. E aí corta-se me o coração de ter de ver os meus Pais a fazerem mais um sacrifício (além do investimento do curso) para ajudar a filha licenciada que não tem trabalho. Quem me conhece sabe que nunca fui de me acomodar e procurava sempre mais. Trabalhei na área e não só. Tive trabalhos em associações, fiz projectos, trabalhei em clínicas, loja de roupa, supermercados, creches, pisicinas, fui (e continuo a ser sempre que há a possibilidade) monitora de campos de férias para crianças e séniores na melhor empresa do País (A Bee - Aventura e Movimento). Esta última foi, sem dúvida, uma experiência completa e muito gratificante.
Posto isto, decidi emigrar. Vim para França à procura de uma psicomotricidade até então falada, ambicionada, mas à qual ainda não tinha chegado.
Pois bem cheguei.
Cheguei, e do pouco contacto que tive até ao momento, só posso dizer que estou a adorar.
Aqui acontece psicomotricidade tal como eu imaginei, quis e sonhei. É bonito! Muito muito muito. Sinto-me de novo uma aluna naquilo que tanto gosto.
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