Confesso que muitas vezes me perguntei se tinha escolhido o curso certo para mim. Se era este o meu caminho.
Tive dúvidas vezes sem fim. Passavam e voltavam a toda a hora.
Hoje não. Hoje sinto finalmente que estou no caminho certo! Que é sem dúvida isto que quero fazer, estudar e desenvolver! É isto! E que contente e orgulhosa de mim mesma me sinto...
Faz quatro meses que estou em França. Quatro meses de uma evolução monstruosa ao nível da língua. De uma vontade enorme de cada dia saber mais e mais... E de um desenvolvimento profissional muito grande também. Diferentes maneiras de trabalhar, reuniões de equipa, testes, terapias, métodos, trabalho de equipa, projectos de dança, sessões em conjunto com outros terapeutas, etc etc!
Só tenho a agradecer os colegas que encontrei e as ajudas que me dão!
A isto tudo ainda tenho a adicionar a ajuda que dou ao meu País. E o Passos Coelho que não venha cá dizer que quem emigra não contribui para a melhoria do seu país. Pois bem querido Primeiro-Ministro, eu passo a explicar... desde que estou aqui a trabalhar o consumo de bacalhau, natas, vinhos verde, vinho do Porto, etc etc aumentou e muito! Além disso, também há os que já marcaram viagem para ir a Portugal em breve, e os que já foram desde que ali comecei a trabalhar. Porque sim, Portugal será sempre a minha casa.
E, para terminar, numa infinidade de cd's esta é a música mais pedida em momentos de relaxamento... e eu estou também viciada!
Mudou a hora. Os dias são finalmente maiores mas nem por isso menos frios. Mas lá havemos de chegar ao calor!
Pois bem esta semana correu às mil maravilhas. Semana de trabalho, projecto de dança, sessão na piscina, visita a Toulouse, andar de comboio, metro e de eléctrico, bem ao estilo lisboeta! E eu, fã número um de Lisboa não podia deixar de me apaixonar!
Como me soube bem ir a Toulouse. Cada rua que passava no centro só pensava 'isto lembra-me Lisboa'. Imensa gente pelas ruas, espectáculos de diferentes artistas, lojas e mais lojas, bicicletas por todo o lado, um papa-reformas para levar as pessoas ao Mc Donalds, barraquinhas com waffles, crepes, e outras coisas de engorda!
Foi mesmo bom e quero voltar em breve para explorar aquela cidade de fio a pavio!
E o fim-de-semana, esse foi passado com amigos portugueses, entre cafés, almoços e conversas!
Voltei. Voltei de lá. De Portugal. De casa, dos amigos, das noitadas, de tudo.
Eh...voltei. Voltei domingo. Foi uma semana em que não parei um minuto e ainda bem!!!!!
Fiz de tudo um pouco, matei saudades da família, dos amigos, do favaios, das minis sagres, de ir pra noite e de chegar a casa quando a minha avó está a tomar o pequeno-almoço. Grandes conversas a essa hora!
Matei saudades do CAFÉ!!!!! E pronto, pequenas coisas.
Depois foi o dia de partir. A viagem para lá fez-se bem, íamos com aquela pica toda do 'vamos p'ra casa'. Mas já sabíamos que não ia ser fácil voltar.
Embora a X. esteja a trabalhar em França há mais tempo, nenhuma de nós está habituada a estas andanças do ir, estar e despedir. Ir, estar, e despedir. Que coisa horrível. De cortar a respiração. Saímos de Mirandela com uma azia do caraças! Então decidimos criar o PADE - Plano Anti-Depressão dos Emigras. Este deve contemplar saídas nocturnas frequentes, ausência de elementos no quarto ou na carteira que nos remetam para CASA, como por exemplo chaves; evitar ler textos daqueles que saem no P3 a falar de emigração e do quanto isso custa. Na verdade, nós sabemo-lo muito bem e sentimos aquilo todos os dias.
E outras coisas que tais. Viemos a viagem toda a tentar pôr o PADE em ação e a criar medidas que nos ajudem... mas a verdade é que há dias que nem PADE nem meio PADE funciona... e hoje é um deles.
Estou de regresso há 5 dias e já tenho saudades de casa.
E saudade... esta é a parte mais difícil de todas, e creio que será sempre.
Entretanto quanto estive em Portugal, a tuna da qual faço parte celebrou o seu 7º aniversário.
Juntei-me à família Vibratuna- Tuna Feminina da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em 2008 e foi sem dúvida das melhores experiências académicas que podia ter dito.
Se pudesse explicar a bagagem que aquilo nos dá... Desinibição, adaptação a diversos contextos e ambientes, coordenação psicomotora (sim, é a sério! :) ), aprender um instrumento, subir a um palco, trabalhar em grupo, e amizades tão especiais, que são sem dúvida para a vida!
Portanto, a propósito de saudades aqui fica...
Letra: Dos passeios de mão dada à beira rio, Dos olhares e dos sorrisos que toda a gente viu, Das paragens de autocarro em que falamos do tempo E das noites frias em que a chuva trouxe o vento... Dos abraços que trocamos em tantas ruas E do céu em qu'as estrelas eram todas tuas, Dos copos vazios que deixamos no café, Dos segredos que trocamos quando atravessávamos a ponte a pé...
Refrão: Será que é saudade ou revolta da vontade de te ter? Se no fundo o que fizemos de mal foi ter amado em Vila Real
O cheiro desta cidade vive em quem cá mora Sente-se quando se sai dela p'ra fora E coração como o nosso sempre que não sente chora... O tempo nesta cidade não tem minuto nem hora Troca as voltas a quem por ela s'enamora Rainha de tanta beleza qualquer homem ao vê-la cora....
Uma das coisas que tem sido um bocado difícil para mim na interacção com crianças, é não saber aqueles pequenos jogos, ou músicas, ou até mesmo o nome dos jogos que todos nós fizemos durante a nossa infância, mas que obviamente aqui têm outro nome.
jogar à apanhada = aquele que está a apanhar chama-se 'lulu' e portanto o jogo é apelidado assim...
esconde-esconde = acho que não há uma tradução correcta para isto. se houvesse seria 'cache-cache', mas como isso é uma marca de roupa aqui, não acho que chamem isto ao jogo. Portanto, aquilo que eles me dizem é: 'on va jouer a se cacher', que é como quem diz 'vamos jogar às escondidas'.
e por aí vai...
Quanto às músicas, quantos de nós conhecemos músicas infantis em Francês? Ou melhor, há alguém que saiba outra música em Francês que não o frère jacques?
Eu acho que a única que sabia era essa, neste momento já conheço algumas, mas não é ainda algo que cante em modo piloto automático.
A minha versão do frére jacques, antes de hoje era:
frère jacques (2 x)
dormez-vous (2x)
la la la la la la la la (2x)
ding ding dong. (2x)
Hoje aprendi o resto! Hehehehe palmas para mim.
Frère Jacques (2x) Dormez-vous ? (2x) Sonnez les matines ! (2x) Ding, ding, dong ! (2x)
Não é que me faltasse muito, mas também nunca tinha precisado! :)
Como esta semana são as férias temos feito actividades bem ao estilo de colónia de férias.
Ontem fui ao cinema (eu cheia de medo de não compreender puto, mas até que correu bem), hoje fiz escalada e arborismo e ainda descobri um parque novo na cidade! Fora a caminhada para ir e voltar do trabalho, que como são férias não há autocarros às horas que preciso. Devo ter uns 12 km's nas pernas hoje!
Carnaval, ou falta dele, na verdade. Em França não se comemora o Carnaval, quando muito vê-se as escolinhas a desfilar, mas não há desfiles daqueles em grande.
Verdade seja dita que o Carnaval me faz alguma falta. Não é assim nada de importante como é o Natal por exemplo. Mas faz falta pela convivência com os amigos. Pelo riso que nos provoca as fantasias mirabolantes que usamos ou vemos. E sobretudo pela noitada em si!
Mas neste momento nem penso muito nisso.
Esta semana é a primeira semana de 'vacances d'hiver' aqui em França. Esta semana ainda trabalho. É uma semana com diferentes actividades: cinema, escalada, jogos, etc. Diferente, mas bastante interessante. Consegue-se contactar mais tempo com cada criança à excepção das sessões de psicomotricidade propriamente ditas.
E para a semana, é a minha vez de estar de 'vancances d'hiver'!!!
Há quem não acredite em coincidências. Eu nem que não quisesse tenho de acreditar! Estou constantemente a passar por situações de coincidência.
Uma vez fui a uma entrevista de emprego no Porto e como não estava a dar com o local pedi ajuda a uma senhora que estava por ali a passar. Ela não só me ajudou, como insistiu muito em dar-me boleia até ao local, que segundo ela, ainda era longe. Eu talvez não devesse ter aceitado, mas a verdade é que correu bem. Ela perguntou-me de onde vinha, e eu disse que era de Mirandela ao que ela me responde 'ah os meus pais nasceram lá', pronto surgiu logo alguma simpatia. A senhora deixou-me o mais próximo possível do local e seguiu viagem...
Dias depois retornei à empresa, para uma 2ª fase de selecção, eis senão quando entra a senhora que me tinha dado boleia com os netos para experimentarem uma sessão. Ela entra e diz: 'Olha olha a minha amiga...! Afinal era para aqui que vinha? Estou muito contente por si!'.
A boss, a quem eu tinha dito que não conhecia ninguém no Porto, à excepção de alguns amigos, viu a situação com alguma desconfiança. Por isso mesmo chamou-me à parte e perguntou-me o que se estava ali a passar. Expliquei-lhe a situação, mas acho que ela nunca chegou a acreditar, porque ninguém anda à boleia com desconhecidos no Porto não é??!
Pois bem, além desta tenho ainda outras inúmeras coincidências. Passei o Verão a trabalhar numa empresa de Lisboa, e em todas as viagens, não houve uma única onde não encontrasse alguém que era de Mirandela ou de Vila Real. Cheguei a conhecer uma senhora que era a tia-avó de uma amiga minha.
O mundo é uma ervilha.
E desde que estou aqui as coincidências não param de acontecer.
O primeiro quarto que visitei, a proprietária era filha de Portugueses. Até aqui tudo bem. Agora, a probabilidade de os pais serem de trás-os-montes já era mais reduzida. Mas eram. Eram de Carviçais, uma localidade por onde eu já passei bastantes vezes, e onde o meu Pai conhece muita gente.
Quando ela me disse que era de Carviçais ainda pensei em levar a minha t-shirt do Carviçais Rock na esperança que ela baixasse a renda. Mas nada feito. Acabei por também não ficar lá porque era longe de tudo e não havia transportes perto...
Posto isto, veio a segunda coincidência. Arranjei outro quarto, mais bem situado e com melhores condições. Coincidência: os meus vizinhos do lado são Portugueses.
Coincidência número três: estava com a X. no café Português há uns dias e o funcionário, o F. vem à nossa mesa e diz: 'olhai lá, este rapaz diz que vos conhece e que também é de Mirandela.'
Por momentos não o reconheci. Tive de olhar muito, ouvir em simultâneo as pistas, até que se fez luz. Lembrava-se melhor ele de mim do que eu dele. Era um rapaz que tinha andado na mesma colónia de férias que eu em 2001... onde isso já ia na minha memória. E ali ficamos um bocado à conversa.
Ainda só passaram dois meses desde que estou em França e isto já vai assim.
O mundo é uma ervilha. Uma ervilha mesmo.
Trata-se de uma aplicação para psicomotricistas. Para ser usada em diferentes situações.
Considero que a mesma se encontra bem organizada e dividida em sectores importantes.
Sabem aqueles dias que não deviam ter saído de casa?
Pois hoje, eu estou assim.
Fui trabalhar de manhã, e como de tarde não trabalhava aproveitei para almoçar no centro da cidade e depois ir tratar de alguns assuntos sobre o cartão de telemóvel que adquiri e que está a dar-me dores de cabeça.
Primeiro, almocei num sítio que nunca mais lá volto.
Por fora um aspecto excelente, quando entro e aguardo o funcionário dou-me conta que ele era igualzinho àquela personagem do scary movie, o da mão bizarra.
Almocei rápido que ele não me estava a inspirar muita confiança.
Eis senão quando saio de lá começou a cair uma zurbada (chuva a cântaros) que nem vos digo nem vos conto.
Fui então à loja dos telemóveis, não consegui resolver o problema porque 'fiz uma compra online de um serviço da empresa mas que não permite assistência na loja'.
Depois de lhe dizer 30 mil vezes que não achava normal adquirir um serviço e não haver sequer a possibilidade de falar com alguém sobre o problema, ou por telefone ou numa loja, desisti e vim-me embora.
Desisti porque ainda não sei colocar ninguém no seu devido lugar em francês...!
Saí da loja e sabem quando vos sai um pensamento em voz alta, pois a mim saiu-me:
"Que mauzinhos estes senhores. Ide dar uma volta ao bilhar grande" (atenção que esta frase são só eufemismos, nem me atrevo a transcrever!)
E de repente ouço, mesmo ali ao meu lado em português: "Anda Diogo, está na hora". E olharam para mim de soslaio.
Estou longe de casa como tudo. Longe dos abraços e dos sorrisos dos que mais amo. Sem data de regresso... e esta incerteza às vezes custa e dói muito.
Mas caramba, hoje estou feliz. Tenho evoluído imenso na língua e uma semana depois de ter começado sabe tão bem chegar ao local e ouvir 'Bonjour Ráquéle' sempre acompanhado de sorrisos e de alguns abracinhos! E os seus olhos inocentes e meigos vêem e dizem 'Ráquéle, tu es belle'!
'Ráquéle, c'est vrai qui tu parle portugais?'
'Ráquéle, comment se dit en portugais bonjour et bonsoir?'
'Ráquéle comment se dit que on va travailler?'
(e não tenho a certeza se isto está bem escrito...!)
Carago, são tão fofos!
Além disso tenho comigo uma equipa excelente! Simpáticos, gentis, atenciosos e sempre dispostos a ajudar a portuguesa-que-nem-sempre-entende-o-que-eles-dizem! Então quando falam muito rápido, nem queiram imaginar o nó que é! Mas é só dizer 'doucement' e eles lá me acompanham!
(Acabei de escrever o título desta publicação e dei-me conta que possivelmente fins-de-semana já não leva hífenes com o novo acordo ortográfico, mas... não sei escrever com o novo acordo, portanto é caso para dizer que escrevo à moda antiga).
Os fins-de-semana são algo que ainda não me habituei muito bem na cultura deste país. Não sei se isto que irei relatar se passa em toda a França, ou só em regiões mais pequenas como é esta em que me encontro.
Eu, habituada em Portugal a sair à noite quase todos os dias, vejo-me agora sem isso. Durante a semana é impensável sair à noite porque chego cansada e porque não há transportes à noite. O último autocarro que tenho para regressar para casa é às 18.30h... (Boa Mike...!!) Às vezes apetece-me ficar um bocadinho pelo centro, dar ali umas voltas, ver montras e ver gente, mas não. Não-dá-porque-não-posso-perder-o-último-autocarro-senão-depois-tenho-de-vir-à-la-pata. Vá, e também porque muitas das lojas fecham as 18h e outras, na loucura, às 19h!
Não é que eu em Portugal saísse até altas horas durante a semana, quer dizer... hum.. às vezes sim. Outras vezes não. Era só pegar no carro ir um bocadinho ao café e voltar.
Aqui isso é impensável. Os franceses fecham os tascos todos durante a semana à noite. Não tenho um único café perto de casa. Às 19h as ruas começam a ficar desertas porque não há autocarros, e já deve estar tudo recolhido.
Com isto acabei por me desviar do tema. Voltando...
Os fins-de-semana são esquisitos. Ao sábado quase tudo está aberto e há autocarros de hora a hora.
Ao sábado, suposto auge nocturno tudo fecha às 2h. É tudo caro. Excessivamente caro. Não há favaios. A cerveja até que nem é má, mas quase tenho um enfarte cada vez que vejo o preço. E não há lugar a telefonemas às amigas no dia seguinte a dizer: 'Não imaginas o que aconteceu...'. Noites épicas onde acontecem cenas surreais, ai que saudades!
Ao domingo a cidade é deserta. Não há autocarros. Tudo está fechado. Quando digo tudo é tudo. Supermercados, hipermercados, padarias, cafés, lojas, tudo tudo tudo... Não se vê alma penada.
E depois existe a segunda, que é um prolongamento do fim-de-semana francês pelos vistos.
Há segunda tudo está a meio gás. Quando digo isto, não me refiro à disposição e vivacidade da população, refiro-me sim ao que está ou não aberto. Quem trabalha ao sábado não trabalha à segunda.
Confesso que a isto ainda não me habituei. Nem tão pouco sei se me vou habituar.
Agora vou ali espreitar à janela a ver se passa alguém só para dizer que vi gente ao domingo.
Hoje estou particularmente cansada.
Foi um dia cheio.
A parte mais difícil de falar/aprender outra língua talvez seja torná-la automática, imediata e coerente. Contudo isso exige um estado de atenção enormeeeeeeeeeeee. Caso contrário, em apenas uma meia dúzia de palavras perdemos o fio à meada.
Tudo isto resulta num grande cansaço ao final do dia.
Eram 18h. Saí de trabalhar e fui ter com a X. ao Português (um dos cafés português daqui), lanchamos e quando nos dirigimos ao balcão para pagar eu disse, em tom de brincadeira ao F. (funcionário do café), "Vê lá se não te enganas hã?!" e, ali mesmo ao meu lado, estava um senhor muito baixinho a degustar o seu copo de vinho e que me diz: "O F. não se engana nunca" e sorriu. Mas como o meu cérebro ainda estava ligado em modo Francês e não ouvi muito bem o que ele tinha dito, virei-me para ele e disse: 'Comment?'. Rapidamente me dei conta, ri-me e disse: "Desculpe, diga lá meu senhor'.
Não corei por pouco!
E assim me despeço por hoje. Estou mortinha por dormir!
Para quem estuda ou para quem trabalha na área da Psicomotricidade em Portugal sabe bem que há uma certa dificuldade em fazer passar a mensagem sobre «o que é» e «a quem se dirige». Essa dificuldade é tão grande que arrisco-me a dizer que a maioria da população portuguesa desconhece a profissão. Os nossos governantes criaram a oferta formativa, mas esqueceram-se do resto. Esqueceram-se que era preciso criar oferta laboral. E eu pasmo ao reler os meus diapositivos das primeiras aulas do curso e ver 1001 possibilidades de locais de trabalho e depois, quando o curso termina e a eles nos dirigimos, ouvimos frases como: 'Mas isso é o quê?'. Procuramos resumi-la perante aquela pessoa que está com um ar apressado a receber-nos, e que se nota pela atenção (ou falta dela), que em breve nos vai cortar a palavra e dizer: 'Pois... é parecido à Fisioterapia não é?' E então respiramos. Tentamos calmamente aplicar algumas das técnicas de relaxamento que nos foram transmitidas e dizemos 'Não é a mesma coisa (...)' e quando tentamos completar, os 5 minutos daquela pessoa acabaram e em jeito de despedida ouve-se 'Se depois houver alguma vaga de "psicomotricionista" nós ligamos'.
Mas felizmente essa tendência está a mudar. Temos uma Associação Portuguesa de Psicomotricidade que tudo tem feito para divulgar a nossa profissão junto dos empregadores. Temos cada vez mais licenciados na área e temos o esforço de todos nós.
A tendência tem mudado, no entanto, a precariedade não. E confesso, que desde que terminei o curso (2010) fui sempre tendo trabalho, mas chegamos a uma altura que aquilo que encontramos nem sempre é o suficiente para sermos completamente independentes financeiramente. E aí corta-se me o coração de ter de ver os meus Pais a fazerem mais um sacrifício (além do investimento do curso) para ajudar a filha licenciada que não tem trabalho. Quem me conhece sabe que nunca fui de me acomodar e procurava sempre mais. Trabalhei na área e não só. Tive trabalhos em associações, fiz projectos, trabalhei em clínicas, loja de roupa, supermercados, creches, pisicinas, fui (e continuo a ser sempre que há a possibilidade) monitora de campos de férias para crianças e séniores na melhor empresa do País (A Bee - Aventura e Movimento). Esta última foi, sem dúvida, uma experiência completa e muito gratificante.
Posto isto, decidi emigrar. Vim para França à procura de uma psicomotricidade até então falada, ambicionada, mas à qual ainda não tinha chegado.
Pois bem cheguei.
Cheguei, e do pouco contacto que tive até ao momento, só posso dizer que estou a adorar.
Aqui acontece psicomotricidade tal como eu imaginei, quis e sonhei. É bonito! Muito muito muito. Sinto-me de novo uma aluna naquilo que tanto gosto.
Se tivesse de começar por explicar a origem deste blog teria de recorrer a 2012 quando comecei a pensar em emigrar, et voilá, como dizem os franceses, comecei a tratar da papelada toda. Comecei por fazer um curso de francês, depois a juntar os diplomas, a traduzi-los e nisso se passou um ano...
Em Outubro de 2013 vim a França entregar alguns CV's... Deveria ter regressado em Novembro, mas uns problemas burocráticos surgiram pelo que adiei a vinda para o início de 2014.
E aqui começa a parte difícil.
Foi horrível partir. Aquela sensação de deixar a tua 'essência' para trás. Família, amigos e a língua. Chorei tanto nesse dia, que durante dias senti um nó na garganta.
Só queria que aquele dia, tão desgastante emocionalmente terminasse rápido, mas não. Tive de fazer escala em Lisboa e esperar umas quantas horas para que o dia acabasse. Dormi no aeroporto, mandei mensagens, chorei, respondia a outras tantas, fiz chamadas, chorei e concentrei-me naquilo que um amigo me tinha dito: "Depois de passares a porta de embarque as coisas custam menos. Vai que o mundo é teu".
E vim. Vim com o coração feito num trapo e a alma tolhida de revolta pela situação que o país atravessa.
Serviram-nos uma sandes a bordo com queijo daquela da vaca que ri e salmão fumado. Agora sempre que fazemos dessas sandes chamamos-lhes as 'Sandes TAP'. Sai uma sandes TAP, pró menino e prá menina! Qualquer coisa assim!
Cheguei a França e eis que me deparo, a sair do avião, que não sabia dizer recolha de bagagem, e vinha tão exausta que não conseguia nem pensar... Mas como o avião vinha cheio de portugueses lá me desenrasquei.
Tenho cá amigos, portanto tudo foi correndo pelo melhor, sem grandes momentos de solidão e com muitas ajudas para ultrapassar as barreiras da língua.
Mas, que custa emigrar lá isso custa. No entanto, vale a pena. Pelo menos no meu caso, que estou a ter uma experiência brutal em psicomotricidade.
Numa próxima publicação revelo um bocadinho dos meus dias.
Amanhã, ou melhor daqui a umas horas começa o meu sonho. O sonho de entrar na realidade da psicomotricidade no país que a viu nascer!
Nova língua, novo desafio e um entusiasmo louco! Aqui vou eu!